Olá para todos os estudantes que estão nessa fase crítica da vida, cheia de incertezas e medos e stress.. e stress! Meu nome é Tássia, estou no último ano do curso de Farmácia da Universidade Federal de São Paulo, muito prazer! O querido amigo e exemplo de estudioso, professor, “ensinador” e exemplo de vida acadêmica Ricardo Nakamura me pediu para falar um pouco sobre o curso que escolhi para ter como profissão. Mas antes de começar a falar do curso de Farmácia, acho interessante ressaltar que no cursinho sempre parece que as coisas vão dar errado e que aquele ano suado e estressante, difícil e sem vida social não vai valer de nada e que você vai esquecer de tudo no dia da prova. Calma, vai dar certo! Coloquem isso na cabeça, e persistam, porque DÁ MESMO! De nada valeria a pena se não fosse com esforço, então batalhe, que na hora certa sua recompensa virá. Acredite, em primeiro lugar. Depois corra atrás, dê o seu máximo, chore de desespero, mas depois grite de felicidade pra comemorar a vaga conquistada!
Confesso que Farmácia não foi
minha primeira escolha, e hoje, apenas agradeço por isso! Do terceiro ano do
Ensino Médio até o final do primeiro ano de cursinho, tinha colocado na minha
cabeça que o que eu queria era Engenharia Química. É legal, você lê o escopo do
curso, acha bacana o que eles fazem, salário de engenheiro é bom e tal, mas
sério, Engenharia é sempre uma Engenharia. E se você não se dá tãão bem assim
com a Física e com os cálculos da vida, aborte a missão. Você não aprende a se
apaixonar pelos cálculos matemáticos e pelos axiomas inexistentes e não acha
interessante calcular áreas de curvas e desenhar gráficos esquisitos de uma
hora pra outra. Isso é quase.. um dom. E uma ilusão achar que na faculdade de
Engenharia “não deve ser tão difícil assim”, porque é. E vão ser longos cinco
anos (ou mais, em alguns casos) se aprofundando nisso. E é por isso que eu,
felizmente, descobri que eu não tinha esse dom das exatas “too much”, e embora odiasse física, gostava de matemática. Foi aí
que descobri o curso de Farmácia! Bio-exatas, mercado de trabalho amplo e
diversificado, tem química, biologia, matemática, tudo que eu gostava. Enfim,
segundo ano de cursinho, aqueles estudos powerhardturbo
todo dia, e finalmente passei na UNIFESP, campus novo, curso novo, segundo
turma, felicidade no ar, agora vida universitária que me aguarde!
Todo primeiro ano é difícil, não
adianta. O ritmo é outro, as matérias são bem piores que você imaginava, mas
estar na faculdade é muuito bom! E agora vou justificar o porquê daquele
discurso todo sobre a “engenharia pesada”. Nos dois primeiros anos do curso de
Farmácia temos SIM matérias de exatas, temos cálculo I, cálculo II, física I,
física II, álgebra linear, geometria analítica, operações unitárias, tudo isso.
E por isso eu sei que ter cinco anos de pura exatas teria apenas me frustrado!
Porque na Farmácia isso é apenas um, ou dois anos.. e depois vem só matéria
linda, complementar, aprende coisas brilhantes e sensacionais, descobre que
química orgânica é bem mais complexo do que você pode imaginar, que a teoria
dos orbitais existe e faz muito sentido, que farmacologia é simplesmente
sensacional, que desenvolver medicamento é difícil mas é brilhante e que a
cosmetologia não seria a mesma sem o conhecimento dos farmacêuticos. Vão ter
matérias obrigatórias como Microbiologia, Patologia, Fisiopatologia,
Imunologia, Bioquímica, Genética, Biologia Molecular, Farmacologia, Química
Farmacêutica, Toxicologia, Farmácia Social, Farmacotécnica, várias Químicas,
desde a orgânica, química das transformações, estrutura da matéria, analítica,
quali, quanti, etc, e eletivas mais específicas como Cosmetologia, Farmácia
Clínica, Análise Toxicológicas, Biotecnologia, Controle de Qualidade
Fisico-Quimico, Alimentos Funcionais, Tecnologia em Alimentos, Tecnologia
Fitofarmacêutica, Controle microbiológico e diversas outras. Depois de tudo
isso, “remédio” vira “medicamento” e você nunca mais vai atrasar pra tomar seu
antibiótico, descobre que antibiótico e anticoncepcional não combinam, descobre
que tomar água pra tomar seus comprimidos faz diferença, que não é besteira
quando os médicos dizem que alguns medicamentos não podem ser tomados com
leite, e ainda por cima entende o porquê do seu amigo japonês ficar tão
vermelho quando bebe uma brejinha e porque você tem tanta vontade de fazer xixi
quando bebe. E o melhor: você pode explicar pra ele, bêbado, o mecanismo do
álcool, e das “dorgas” em geral. É, Farmácia é tudo isso, gente.
O curso de Farmácia é diferente
de uma Universidade pra outra, mas todo mundo que faz o curso se apaixona. Não
só por ser um curso interessante, mas por ser desafiador e possuir um amplo
mercado de trabalho. Dentro da grade do curso, você tem matérias direcionadas,
e depois do terceiro ano pode escolher as eletivas mais direcionadas para a
área que deseja atuar. As áreas geralmente são: Indústria
(medicamentos/cosméticos), Alimentos, Área clínica (hospital/laboratório de
análise clínicas/farmácia) e a própria área acadêmica. Não sei se em todas as
faculdades isso é uma regra, mas geralmente existe um estágio obrigatório na
área de atenção farmacêutica, que consiste na atuação do farmacêutico na
promoção do uso racional dos medicamentos tendo como foco o paciente. Os outros
estágios você pode escolher a área que quer atuar. Como vocês podem ver, o ramo
farmacêutico é muito amplo, o que, na minha opinião, é muito bom, já que você
tem mais caminhos de escolhas. E o bom é que a faculdade permite que você faça
estágio em diferentes áreas até que você ache algo que se encaixe no seu
perfil. Eu mesma já fiz estágio em hospital, em drogaria, farmácia de
manipulação e agora na indústria pra ter uma pequena noção de como essas áreas
funcionam.
Eu escolhi a área de indústria e
faço estágio numa indústria cosmética. É simplesmente sensacional, e mais
brilhante ainda é conseguir agregar seus conhecimentos técnicos no trabalho.
Faz tudo valer mais a pena, e você acaba descobrindo o porquê de você ter
perdido várias horas de sono em várias matérias que você achou que nunca ia
usar pra nada. Outro ponto bom, é que embora o piso salarial do farmacêutico
não seja lá essas coisas, a indústria farmacêutica e a cosmética costumam
valorizar seu profissional, inclusive o estagiário.
Eu estou no último ano do curso,
prestes a me formar, só tenho o TCC para apresentar e sentir saudade de todo
esse caminho percorrido. Olho pra trás e não me arrependo, tenho certeza.
O curso não é fácil, a química é
pesadíssima, vocês vão ter milhões de relatórios para fazer toda semana, vocês
vão cansar de ter aula prática e esquentar a barriga na bancada, vocês vão
achar absurdo ter que usar luva, máscara, touca todo laboratório, vão ficar
noites sem dormir, vão gastar milhões de papéis pra fazer os mecanismos de ação
de centenas de reações, vão sim, chorar de desespero porque química
farmacêutica é insana, porque fisiologia é difícil, porque bioquímica é
decoreba, porque farmacotécnica é seguir receita de bolo, mas sério.. tudo faz
sentido no final, e parece que tudo se junta pra fazer parte de uma coisa que
você vai levar pra pra sempre: Ser
farmacêutico. E é disso que você vai ter orgulho, tenho certeza.
Boa jornada pra vocês, tenho
certeza que ainda vou cruzar com algum de vocês que escolheram essa profissão!
Um grande abraço e boa sorte!!
Tássia Hanashiro
Comentário enviado por Julyanna Karla " nossa!! , q fantástico... agora tenho certeza que é isso mesmo que eu quero *-*"
ResponderExcluirComentário enviado por Hallefer Takeshita "Nossa, muito bom! Parabéns à Tássia e a você, professor, por nos proporcionar essas importantes mensagens de incentivo! Valeu. :)"
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