quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Farmácia: do átomo aos medicamentos






Olá para todos os estudantes que estão nessa fase crítica da vida, cheia de incertezas e medos e stress.. e stress! Meu nome é Tássia, estou no último ano do curso de Farmácia da Universidade Federal de São Paulo, muito prazer! O querido amigo e exemplo de estudioso, professor, “ensinador” e exemplo de vida acadêmica Ricardo Nakamura me pediu para falar um pouco sobre o curso que escolhi para ter como profissão. Mas antes de começar a falar do curso de Farmácia, acho interessante ressaltar que no cursinho sempre parece que as coisas vão dar errado e que aquele ano suado e estressante, difícil e sem vida social não vai valer de nada e que você vai esquecer de tudo no dia da prova. Calma, vai dar certo! Coloquem isso na cabeça, e persistam, porque DÁ MESMO! De nada valeria a pena se não fosse com esforço, então batalhe, que na hora certa sua recompensa virá. Acredite, em primeiro lugar. Depois corra atrás, dê o seu máximo, chore de desespero, mas depois grite de felicidade pra comemorar a vaga conquistada!
Confesso que Farmácia não foi minha primeira escolha, e hoje, apenas agradeço por isso! Do terceiro ano do Ensino Médio até o final do primeiro ano de cursinho, tinha colocado na minha cabeça que o que eu queria era Engenharia Química. É legal, você lê o escopo do curso, acha bacana o que eles fazem, salário de engenheiro é bom e tal, mas sério, Engenharia é sempre uma Engenharia. E se você não se dá tãão bem assim com a Física e com os cálculos da vida, aborte a missão. Você não aprende a se apaixonar pelos cálculos matemáticos e pelos axiomas inexistentes e não acha interessante calcular áreas de curvas e desenhar gráficos esquisitos de uma hora pra outra. Isso é quase.. um dom. E uma ilusão achar que na faculdade de Engenharia “não deve ser tão difícil assim”, porque é. E vão ser longos cinco anos (ou mais, em alguns casos) se aprofundando nisso. E é por isso que eu, felizmente, descobri que eu não tinha esse dom das exatas “too much”, e embora odiasse física, gostava de matemática. Foi aí que descobri o curso de Farmácia! Bio-exatas, mercado de trabalho amplo e diversificado, tem química, biologia, matemática, tudo que eu gostava. Enfim, segundo ano de cursinho, aqueles estudos powerhardturbo todo dia, e finalmente passei na UNIFESP, campus novo, curso novo, segundo turma, felicidade no ar, agora vida universitária que me aguarde!
Todo primeiro ano é difícil, não adianta. O ritmo é outro, as matérias são bem piores que você imaginava, mas estar na faculdade é muuito bom! E agora vou justificar o porquê daquele discurso todo sobre a “engenharia pesada”. Nos dois primeiros anos do curso de Farmácia temos SIM matérias de exatas, temos cálculo I, cálculo II, física I, física II, álgebra linear, geometria analítica, operações unitárias, tudo isso. E por isso eu sei que ter cinco anos de pura exatas teria apenas me frustrado! Porque na Farmácia isso é apenas um, ou dois anos.. e depois vem só matéria linda, complementar, aprende coisas brilhantes e sensacionais, descobre que química orgânica é bem mais complexo do que você pode imaginar, que a teoria dos orbitais existe e faz muito sentido, que farmacologia é simplesmente sensacional, que desenvolver medicamento é difícil mas é brilhante e que a cosmetologia não seria a mesma sem o conhecimento dos farmacêuticos. Vão ter matérias obrigatórias como Microbiologia, Patologia, Fisiopatologia, Imunologia, Bioquímica, Genética, Biologia Molecular, Farmacologia, Química Farmacêutica, Toxicologia, Farmácia Social, Farmacotécnica, várias Químicas, desde a orgânica, química das transformações, estrutura da matéria, analítica, quali, quanti, etc, e eletivas mais específicas como Cosmetologia, Farmácia Clínica, Análise Toxicológicas, Biotecnologia, Controle de Qualidade Fisico-Quimico, Alimentos Funcionais, Tecnologia em Alimentos, Tecnologia Fitofarmacêutica, Controle microbiológico e diversas outras. Depois de tudo isso, “remédio” vira “medicamento” e você nunca mais vai atrasar pra tomar seu antibiótico, descobre que antibiótico e anticoncepcional não combinam, descobre que tomar água pra tomar seus comprimidos faz diferença, que não é besteira quando os médicos dizem que alguns medicamentos não podem ser tomados com leite, e ainda por cima entende o porquê do seu amigo japonês ficar tão vermelho quando bebe uma brejinha e porque você tem tanta vontade de fazer xixi quando bebe. E o melhor: você pode explicar pra ele, bêbado, o mecanismo do álcool, e das “dorgas” em geral. É, Farmácia é tudo isso, gente.
O curso de Farmácia é diferente de uma Universidade pra outra, mas todo mundo que faz o curso se apaixona. Não só por ser um curso interessante, mas por ser desafiador e possuir um amplo mercado de trabalho. Dentro da grade do curso, você tem matérias direcionadas, e depois do terceiro ano pode escolher as eletivas mais direcionadas para a área que deseja atuar. As áreas geralmente são: Indústria (medicamentos/cosméticos), Alimentos, Área clínica (hospital/laboratório de análise clínicas/farmácia) e a própria área acadêmica. Não sei se em todas as faculdades isso é uma regra, mas geralmente existe um estágio obrigatório na área de atenção farmacêutica, que consiste na atuação do farmacêutico na promoção do uso racional dos medicamentos tendo como foco o paciente. Os outros estágios você pode escolher a área que quer atuar. Como vocês podem ver, o ramo farmacêutico é muito amplo, o que, na minha opinião, é muito bom, já que você tem mais caminhos de escolhas. E o bom é que a faculdade permite que você faça estágio em diferentes áreas até que você ache algo que se encaixe no seu perfil. Eu mesma já fiz estágio em hospital, em drogaria, farmácia de manipulação e agora na indústria pra ter uma pequena noção de como essas áreas funcionam. 
Eu escolhi a área de indústria e faço estágio numa indústria cosmética. É simplesmente sensacional, e mais brilhante ainda é conseguir agregar seus conhecimentos técnicos no trabalho. Faz tudo valer mais a pena, e você acaba descobrindo o porquê de você ter perdido várias horas de sono em várias matérias que você achou que nunca ia usar pra nada. Outro ponto bom, é que embora o piso salarial do farmacêutico não seja lá essas coisas, a indústria farmacêutica e a cosmética costumam valorizar seu profissional, inclusive o estagiário.
Eu estou no último ano do curso, prestes a me formar, só tenho o TCC para apresentar e sentir saudade de todo esse caminho percorrido. Olho pra trás e não me arrependo, tenho certeza.
O curso não é fácil, a química é pesadíssima, vocês vão ter milhões de relatórios para fazer toda semana, vocês vão cansar de ter aula prática e esquentar a barriga na bancada, vocês vão achar absurdo ter que usar luva, máscara, touca todo laboratório, vão ficar noites sem dormir, vão gastar milhões de papéis pra fazer os mecanismos de ação de centenas de reações, vão sim, chorar de desespero porque química farmacêutica é insana, porque fisiologia é difícil, porque bioquímica é decoreba, porque farmacotécnica é seguir receita de bolo, mas sério.. tudo faz sentido no final, e parece que tudo se junta pra fazer parte de uma coisa que você vai levar pra  pra sempre: Ser farmacêutico. E é disso que você vai ter orgulho, tenho certeza.

Boa jornada pra vocês, tenho certeza que ainda vou cruzar com algum de vocês que escolheram essa profissão! Um grande abraço e boa sorte!!

Tássia Hanashiro

2 comentários:

  1. Comentário enviado por Julyanna Karla " nossa!! , q fantástico... agora tenho certeza que é isso mesmo que eu quero *-*"

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  2. Comentário enviado por Hallefer Takeshita "Nossa, muito bom! Parabéns à Tássia e a você, professor, por nos proporcionar essas importantes mensagens de incentivo! Valeu. :)"

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