quarta-feira, 17 de julho de 2013

#1 Medicina: uma meta, uma luta, um sonho.


Caros aspirantes ao curso de Medicina,aos simpatizantes pela carreira e aos demais vestibulandos que anseiam outras profissões,

Fui prazerosamente incumbido de escrever-lhes sobre a carreira de Medicina, à convite do prof. Ricardo Nakamura, meu amigo desde tempos remotos, a quem já dei muito “olé” nos campos de futebol da vida (haha!).

Antes de mais nada, uma breve apresentação. Sou o Gustavo, discente do curso de Medicina da Faculdade Estadual de Medicina de Marília (FAMEMA), quartanista. Prazer!

Medicina? Que sonho imensurável e inenarrável? E é,mesmo perante a todas as adversidades, vindas de todos os lados, cantos e lugares. Vale a pena todo o esforço dispendido para aqueles que, como eu, um dia sonhou ser médico. Sei o que passa na cabeça de cada um de vocês: a dificuldade para entrar no curso, a elevada disputa no insano vestibular, que agora se estenderá inclusive às universidades particulares do Brasil afora, pela possibilidade de FIES, PROUNI e etc. Universidade a todos, mas com muita luta não é mesmo? E daí? Nas palavras do campeão Ayrton Senna: "Seja você quem for, seja qual for a posição social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre faça tudo com muito amor e com muita fé em Deus, que um dia você chega lá. De alguma maneira você chega lá”.

Realizado o sonho! Aprovado (a) no curso de Medicina! Choro, lágrimas ao vento, emoção à flor da pele. Sua mãe, que acompanhara a fio sua luta, está taquicárdica (coração acelerado), bulhas cardíacas hiperfonéticas; seu pai, que até então jamais bebera, está num “porre” sem fim. Alegria, felicidade ímpar. Meta cumprida! Rumo à universidade!.

E agora? O que esperar do curso ao qual tanto almejei? Como será daqui para frente? Anatomia? Fisiologia? Bioquimica? Meu Deus, vou desistir!

Muita calma nesta hora. Não há desespero! Um curso de Medicina tradicional, ao contrário da Famema, na qual usamos metodologia de ensino ativa, centrada no aluno como direcionador do seu estudo, é basicamente assim dividida: nos 2 primeiros anos, matéria básica; terceiro e quarto ano, matérias das especialidades clínicas e quinto e sexto ano, internato. Explico melhor: nos primeiros dois anos do seu ingresso no curso de Medicina, será lhes dado matérias como anatomia, fisiologia, biologia celular, bioquímica, biofísica, microbiologia, imunologia, embriologia etc. No terceiro e quarto ano, preponderarão disciplinas clínicas, como semiologia dos diversos aparelhos(respiratório, cardiovascular, gastrointestinal etc), ginecologia e obstetrícia, cirurgia, pediatria, saúde coletiva e assim por diante.No quinto e sexto ano também há aulas, porém o enfoque principal é o hospital-escola, quando você exercerá tudo aquilo que aprendeu nessa carga teórica que parecera sem fim nos anos anteriores. Se a “lei Dilma” (que valeria um Tratado de Medicina, tamanha a discussão que isso implica) passar a valer, mais 2 anos serão necessários ainda, com trabalho na rede pública antes de conseguir o registro definitivo de médico. Só esqueceram de avisá-la que nós já trabalhamos para a rede pública nas faculdades, independente de ser púbica ou privada. Medida eleitoreira, mais uma. Absurda, mais uma. Se o prof. Ricardo me convidar (haha), escrevo-lhes só sobre esse tema.

Enfim. Eu falei até agora de um curso de Medicina tradicional. Na FAMEMA, pioneira no Brasil do PBL (Problem-based learning), onde o aprendizado é centrado no aluno, assim como em outras faculdades renomadas, como UEL, UFSCAR, PUC Sorocaba(PBL misto), funciona de modo diferente, com o mesmo fim. O aprendizado vem da prática (UPP-Unidade de Prática Profissional) e de sessões de tutoria com um tutor ou professor-facilitador, em que todas as disciplinas, desde as do ciclo básico até as disciplinas clínicas, são vistas concomitantemente, já a partir do primeiro ano, até o quarto. No quinto e sexto ano é internato, hospital-escola, como em qualquer outra faculdade ou universidade do Brasil. Um método diferente de aprendizado. Uns adoram (como eu), outros preferem os cursos tradicionais mesmo. Polêmicas à parte, o propósito é o mesmo.

Espero ter lhes esclarecido um pouco daquilo que é um curso de Medicina, carreira esta que exige, além de muita disciplina para se estudar de modo a fazer o melhor quando for exigido (e sempre o será), o espírito de solidariedade, de amor ao próximo, de compaixão aos enfermos à beira do leito. Momentos e sentimentos estes que fazem do curso o mais próximo do divino, fato glorificante, encantador.



Atenciosamente,Gustavo Aby Azar Shimada ,acadêmico quartanista do curso de Medicina da FAMEMA.


Caros alunos, declaro iniciada a minha proposta!
Espero que seja de proveito de todos, não só daqueles que querem a tal da medicina!

Boa sorte a todos!

Grande abraço.

Ricardo Nakamura

3 comentários:

  1. Pergunta feita pelo Aluno Luiz Vieira: "Ver esses relatos só dá mais vontade de fazer o curso. Mas já que é para fazer uma pergunta, aí vai uma: como o médico lida com a morte? É meio impossível curar todo mundo e tem uma hora que acaba acontecendo. O sentimento de culpa é grande? Abala muito o psicológico?"

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    1. Luiz Vieira,é o Gustavo que o dirige:a sua dúvida,pergunta ou sentimento de angústia,é frase de livro-texto,valeria umas 1000 páginas,tamanha é a expectativa gerada em um ser humano comum(no qual o médico) diante do momento final da vida:a morte.Muito pertinente a sua indagação,e creio que deve ser para muitos que anseiam a profissão de médico num futuro.
      Estudamos horas com um único propósito:curar,ou pelo menos,amenizar o momento sofrido pelo enfermo.E quando assim o digo,abrange tanto à esfera biológica,como social e psicológica.Muitas das doenças que acometem o ser humano,tem como fonte não somente um vírus,uma bactéria ou um fungo.Pode vir pura e simplesmente de uma descarga emocional,de uma briga familiar,de um trauma da infância,de um problema financeiro.E o médico precisa ligar todos esses pontos para findar o diagnóstico.senão corre-se o risco da pessoa padecer ainda mais,e vir a falecer.E falecer é o que tentamos evitar a todo custo,a toda maneira,embasados em literaturas médicas fidedignas,de elevado teor científico,com vistas a fazer o correto quando for exigido,atrelado,obviamente,a uma boa relação médico-paciente,que acalma o enfermo,o dá coragem para a luta.
      Se você fizer,Luiz, tudo isso que acabei de lhe dizer:conhecimento teórico-prático mais atual no tratamento do enfermo,e soube confortar,conversar e ouvir o paciente à beira do leito,pode ter certeza de que você fez o seu melhor.Se o paciente vir a falecer,não há porque você se sentir culpado.Certas coisas na vida(ou na morte),não nos cabe mais."Chegou a hora dele",diria o popular...e é verdade.Sentimento de tristeza ao médico tem de ter sempre nesses momentos.É sinal de que você é humano como qualquer um,e se abalou no momento que a morte suplantou a vida.Isso é louvável.Quem derá todos os médicos tivessem o mesmo sentimento que você está tendo agora!Quem déra..

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    2. Gustavo, agora sou eu, Ricardo falando!
      Concordo plenamente com você! Acredito que no começo da carreira o sofrimento é maior, mas como haverão diversos casos passando pela mão do médico, acaba "acostumando" com as situações, mas claro, sentimento sempre haverá!
      Somente se faz o que é possível na situação, ninguém pode mandar na vida do outro, se chegou a hora, não há mais o que fazer!

      Agradeço a paciência e o comentário.

      Att.

      Ricardo Nakamura

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